“Essa experiência de estar com a EESC Jr, foi muito emocionante (…). A capacidade técnica dessa equipe nova é extraordinária, e me surpreendeu muito. Tenho certeza de que esse foi um grande projeto, uma parceria. Hoje me sinto parte desse meio acadêmico e dessa empresa, pois aprendi muito.”
Zadrik José Pereira Mendonça, cliente EESC Jr
Usualmente, associamos no a ideia de máquinas sendo aplicadas para o progresso industrial, associando à linhas de produção nas fábricas, poluição, e até mesmo à degradação do meio ambiente. É possível então, que máquinas sejam criadas e utilizadas com o intuito contrário, a fim de se evitar a degradação e auxiliar na educação ambiental? Nós do núcleo de Mecânica e Mecatrônica, através de soluções inovadoras, acreditamos que sim, e a história que contaremos hoje é um grande exemplo disso.
Nosso cliente Zadrik Mendonça (37) é de Jardins – MS, e também acredita nisso. Zadrik mora na região de Bonito, santuário natural reconhecido pelas paisagens, rios de águas cristalinas e formações geológicas naturais, sendo a região um pólo do ecoturismo nacional. Arquiteto e urbanista, Zadrik sempre foi muito ligado ao meio ambiente, principalmente com a questão da preservação dos rios locais, que atualmente sofrem com com o descarte incorreto de agrotóxicos. No entanto, existe outro produto – bem mais comum – que se descartado incorretamente, também intensifica a degradação dos mananciais, que é o óleo de cozinha utilizado.
No Brasil, são consumidos aproximadamente 3 bilhões de litros de óleo de cozinha por ano. Desse total, apenas 10% é reciclado, o que representa um entrave para a produção de biodiesel no país, uma das fontes de energia renováveis. O restante que é descartado incorretamente, tem como destino nosso sistema de saneamento – resultando em um custo de 270 milhões por ano aos cofres públicos devido a reparo de danos – e posteriormente nossas bacias hidrográficas, sendo que 1 litro de óleo é capaz de contaminar 25 mil litros de água, o que representa o potencial de contaminação de 20% da água doce do país.
Analisando a problemática do óleo a fundo, é possível perceber que a grande maioria dos 10% de litros reciclados vem de grandes restaurantes e cozinhas. Com esse insight, nosso cliente percebeu o problema real: a reciclagem do óleo provindo do consumo domiciliar, que por falta de acesso a pontos de coleta e incentivos para essa prática, não ocorre de maneira ampla. Com o esclarecimento do principal agravante, surgiu então a real necessidade: ampliar a coleta do consumo domiciliar. E para superar esse desafio, no início de 2018, nosso cliente pensou na seguinte solução: por que não criar máquinas de baixo custo de aquisição, que opere como posto de coleta, e que possa ser implementada em qualquer lugar, incentivando a prática? Com esse questionamento, surgiu um grande sonho, que no futuro iria incubar uma nova start-up, e um modelo de negócios revolucionário.
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Com a ideia da máquina, nosso cliente começou a procurar empresas no mercado tradicional que faziam o serviço. Porém, projetar uma máquina tão inovadora não era nada simples e também nada barato. Procurando soluções mais acessíveis, o Zadrik acabou conhecendo o Movimento Empresa Júnior (MEJ), meio formado por alunos de graduação em contato com a frente de pesquisa no país, chegando até nós da EESC Jr, que aceitamos o desafio de promover inovação na demanda, e entregar um projeto para ampliar o consumo sustentável e ajudar a proteger a vida debaixo d’água.
“No começo do ano nós acertamos, e na época começou o desenvolvimento da máquina (…). E o que era importante: foram os primeiros a crer no meu negócio, a gostar do projeto, a entender que seria um projeto com um bom resultado, e me fez muito acreditar.”
Tínhamos a ideia do propósito da máquina: servir como posto de coleta e incentivar a prática da reciclagem do óleo. Mas como tirar a ideia do papel e entregar uma máquina funcional? Qual seria a melhor experiência para o usuário, o melhor processo de coleta e a melhor rotina de operação da máquina? Quais seriam seus processos e tarefas? Qual seria o seu formato, sua estrutura, e seus componentes internos? Para responder essas questões, foi necessário como primeira etapa do projeto, definir o conceito da máquina.
Para chegarmos na melhor solução possível, a etapa de concepção foi feita através de um processo iterativo de refinamento da ideia. Conversando com o nosso cliente, eram coletadas todas as percepções, tarefas a serem realizadas e desejos para a máquina. Posteriormente, todos as informações coletadas eram analisadas conforme a sua viabilidade, e a partir disso, era desenhada uma rotina de funcionamento para a máquina e também um modelo físico com peças e mecanismos. Com isso, o modelo concebido era apresentado para o cliente para validação, alinhando se todas as necessidades foram atendidos e pensando em possíveis melhorias, recomeçando o processo até a melhor solução.
“Eu tinha ido ao escritório da EESC Jr em São Carlos pela primeira vez, e aí me apresentaram um esboço, meio à mão. Até aquele momento eu fiquei um pouco preocupado, estava com expectativas de que ia acontecer algo melhor (…). Então me entregaram a primeira parte, e daí fiquei muito confiante.”
Ao longo da nossa concepção da máquina, o Zadrik percebeu também a necessidade de criar uma empresa para suportar a produção da máquina e ampliar a escala do seu impacto. Para isso, era necessário o auxílio de pessoas especializadas em plano de negócios para entregar soluções referentes à estratégia, operações, marketing e finanças. Da nossa rede de conexões, recomendamos ao cliente a FEA Júnior USP (Empresa Júnior da Faculdade de Economia e Administração de São Paulo), uma consultoria empresarial, para ajudar no desafio, e logo em seguida, eles entraram na nossa parceria. O trabalho deles consistiu em validar a demanda da coleta de óleo através de testes com um MVP (mínimo produto viável). Esses testes foram realizados em supermercados, e também montaram um plano de comunicação e de negócio para garantir a sustentabilidade da empresa.
Após os testes com o MVP, nós da EESC Jr. conseguimos identificar quais deveriam ser as características da máquina que tornariam ela mais atrativa para os seus usuários. Cosiderando também sua atratividade para os donos de estabelecimentos e mercados, e também para o pessoal da reciclagem de óleo. Com todas as análises feitas, foi validada enfim com o cliente o conceito final da máquina, que garantisse a melhor solução. A partir disso, foi possível iniciar os cálculos e dimensionamentos da máquina.
Para o desenvolvimento da máquina concebida, tivemos transformar o caminho do óleo por dentro da máquina em etapas menores, com funcionalidades muito bem definidas. Projetamos a máquina para coletar o óleo de maneira automatizada e higiênica, filtrar todas as impurezas que prejudicam a reciclagem. Ademais, contabilizar a quantidade doada para converter em bonificações para o usuário, e bombear e distribuir para galões de armazenamento. Realizamos ao longo do desenvolvimento da máquina o desenho da estrutura e do revestimento externo, o cálculo de esforços nos componentes mecânicos, análise dinâmica das partes móveis, escolha e programação de motores, bombas e sensores, e também a alimentação energética. Além disso, a máquina conta ainda com uma tela de interface para o usuário. Sem contar com o sistema de coleta de dados que mostra a frequência de doações e capacidade de armazenamento.
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“A equipe começou a dar soluções, com muita atenção aos detalhes, isso foi transformando a ideia, começando a dar corpo a esse modelo de negócios. E isso foi me dando muita segurança. Foi se tornando extraordinário o projeto, e comecei a ter certeza de que tudo seria finalizado”
Depois de um longo trabalho – possibilitado e realizado por toda essa rede de pessoas – hoje, a nossa máquina está começando a ser implementada em supermercados de Campo Grande (MS), ajudando a conscientizar a população sobre a questão do descarte. O que antes era um sonho de ajudar a preservar a natureza local, hoje em dia se transformou na Óleoponto, a startup fundada pelo Zadrik em meados de 2019 que mais colabora para a preservação de rios e seus mananciais. O que começou como uma ideia de máquina para aumentar a coleta de óleo, se tornou em um modelo de negócios com rentabilidade validada.
Hoje, a Óleoponto já foi finalista do StartupFarm, e ainda continua a concorrer em outros programas de aceleração no Brasil. Além do fato de ter angariado até agora R$ 150.000,00 em investimentos. Nosso projeto foi reconhecido com NPS 10 pelo nosso cliente, e além disso, colaborou diretamente com 3 dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável promovidos pela ONU em sua agenda para 2030 (Indústria, inovação e infraestrutura, Consumo e produção sustentáveis e Vida debaixo d’água).
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Texto escrito por Eros Freitas, Coordenador de Engenharia Mecânica e Mecatrônica da EESC jr. – Empresa Júnior de Arquitetura e Engenharia da USP São Carlos
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