Os polímeros, popularmente conhecidos como “plásticos”, estão presentes em grande parte das atividades em nossas vidas, muitas vezes sem nos darmos conta disso.
Em números, o Atlas do Plástico, estudo conduzido pela Fundação Heinrich Böll, mostrou que, em 2018, o Brasil produziu cerca de 79 milhões de toneladas de lixo, com os plásticos representando 13,5% desse volume, ou 11,3 milhões de toneladas.
O volume torna-se ainda mais significativo quando observamos a porcentagem desse montante que é reciclada – cerca de apenas 1,28% ou 145 mil toneladas.
Os motivos para a não reciclagem do restante variam: ausência de infraestrutura adequada para a coleta, escassez de investimentos, Poder Público pouco engajado etc.
No entanto, também devemos nos atentar para dois dos principais: falta de comprometimento da população e carência de informação. Conforme pesquisa Ibope citada pelo estudo da fundação, também em 2018, 75% dos brasileiros não separaram recicláveis. Desses, 39% não separavam o lixo orgânico dos demais, e 77% sabiam que o plástico é reciclável, mas apenas 40% de fato reciclavam o material.
Você conhece os tipos de polímeros e quais são recicláveis? Neste artigo, nós da EESC jr. detalhamos quais são, os principais tipos e os diferentes métodos de reciclagem.
Tipos de polímeros
Assim, em um primeiro momento, é necessário entender o que são polímeros termoplásticos e o que são polímeros termofixos.
Termofixos
Os polímeros termofixos são materiais rígidos que não sofrem alterações químicas em condições de elevada temperatura e pressão geralmente aplicadas na reciclagem dos materiais poliméricos, não podendo também ser moldados.
É importante destacar que, a partir de certo ponto, altas temperaturas podem degradar o polímero, no entanto, sem possibilitar sua modelagem.
Exemplos de polímeros termofixos podem ser: poliuretano (PU), poliacetato de etileno vinil (EVA), poliésteres e resinas fenólicas (bolas de sinuca, adesivos, tintas) entre outros. Esses compostos, em sua maioria, são utilizados em aplicações de elevadas solicitações.
Todavia, ainda existem alguns polímeros termofixos que são utilizados em aplicações convencionais que dificultam a questão da reciclagem, como é o exemplo do baquelite, utilizado em cabos de panela.
Termoplásticos
Os termoplásticos são polímeros capazes de ser repetidamente amolecidos pelo aumento da temperatura e endurecidos pela diminuição dessa. Tal ciclo térmico não degrada o material se empregado na temperatura adequada, o que incentiva sua reutilização nos processos industriais, possibilitando o reuso no pós consumo.
Tipos de Plásticos Recicláveis
Os tipos de plásticos recicláveis convencionalmente utilizados em embalagem vem com um símbolo representado por um triângulo formado por três setas e com um número de identificação para a classificação quando chegam ao centro de reciclagem. Mesmo que o uso da simbologia não seja obrigatório, ele ainda é amplamente utilizado pois facilita o processo de reciclagem.
Fonte: Jaguar Embalagens.
Essa numeração vai de 1 a 7 e aqueles representados pelos números 1 a 6 são, geralmente, recicláveis. Abaixo, estão descritos os polímeros associados a seus números:
PET (Politereftalato de Etileno)
O PET é um dos polímeros mais comuns e conhecidos entre os citados nessa lista. Usualmente é utilizado para produção de frascos e garrafas para alimentos – garrafas de refrigerante, água, suco.
É formado pela reação entre o ácido tereftálico e etilenoglicol e apresenta, em uso comercial, propriedades como transparência e impermeabilidade, além da leveza característica dos polímeros.
PEAD (Polietileno de alta densidade)
O PEAD possui características como leveza, rigidez, alta resistência mecânica e química.
O polímero é altamente utilizado devido à sua relação custo-benefício, sendo aplicado geralmente em embalagens detergentes, recipientes do tipo Tupperware®, invólucros para guardar alimentos, na produção de geomembranas em forros de aterros sanitários etc.
É interessante citar que o mesmo pode ser obtido de fontes vegetais, no qual é, no caso, denominado plástico verde.
PVC (Policloreto de Vinila)
O PVC possui propriedades como ser mais rígido, transparente (quando desejável), impermeável. É formado por 57% de cloro e 43% de eteno (derivado do petróleo).
É muito conhecido por sua aplicação na fabricação de canos na construção civil, os famosos “canos PVC”. No entanto possuem aplicações como a fabricação de esquadrias, janelas e mangueiras. Devido à suas propriedades, também é um dos mais utilizados na fabricação de brinquedos.
PEBD (Polietileno de Baixa Densidade)
O PEBD, assim como o PEAD pode ser obtido a partir do petróleo ou de fontes vegetais, neste último caso chamado de plástico verde. É muito utilizado na fabricação de sacolinhas de supermercado, sacos de lixo e materiais de uso hospitalar, como luvas, por exemplo.
PP (Polipropileno)
O PP é utilizado em uma variedade enorme de produtos devido à suas propriedades de transparência, brilho, rigidez e resistência a mudanças de temperatura, além de conservar bem aromas.
Por essas características são muito utilizados em filmes para embalagens de alimentos e embalagens para xampus. Também, devido à alta resistência a mudanças de temperatura e baixa absorção de umidade é usado comumente em autopeças, tubos, embalagens industriais, caixotes, engradados plásticos para transporte de alimentos, entre outros.
PS (Poliestireno)
O PS possui propriedades de impermeabilidade, leveza, transparência e rigidez, mas é sensível ao choque e pancadas.
É popularmente conhecido em sua forma expandida (isopor), utilizado para a fabricação de caixas térmicas, placas de isolamento térmico e espumas acústicas. No entanto também é fabricado como poliestireno sólido, aplicado na confecção de talheres descartáveis, em caixas de CD e DVD, detector de fumaça, produtos médicos e farmacêuticos
Métodos de Reciclagem
Quando mencionamos os possíveis processos de reciclagem para os materiais poliméricos, 3 se destacam, sendo eles: reciclagem mecânica, reciclagem química e reciclagem energética. Abaixo, encontram-se as descrições desses métodos.
Reciclagem mecânica
É o método mais utilizado na reciclagem de materiais poliméricos. O material chega da coleta seletiva em centros de triagem, os quais realizam a limpeza e a seleção dos materiais que foram analisados de modo a reaproveitá-los.
Assim, dá-se o início ao processo de reciclagem mecânica de fato onde o material passa por 4 principais etapas:
- Fragmentação: O material é triturado e particulado em moinhos que reduzem o seu tamanho;
- Lavagem e separação: Os flakes (nome dado ao material após a fragmentação) passam por um novo processo de limpeza com água. A etapa também conta com a fase de separação, na qual os materiais são separados por diferença de densidade (materiais leves flutuam e mais densos afundam;
- Secagem: Flakes são secos em secadores com ventilação de ar quente;
- Extrusão: Consiste da última etapa do processo em si e é onde os flakes, já secos, são fundidos por aquecimento e direcionados à uma matriz por meio de uma rosca sem fim. O extrudado, geralmente chamado de “espaguete”, tem forma de um filamento contínuo, o qual, após resfriamento é cortado e embalado na forma de grânulos, sendo comercializados novamente.
Reciclagem química
Esse método é menos comum e utiliza de processos químicos, utilizando reagentes como ácidos e solventes para retornar o polímero à sua condição inicial, antes do uso. O procedimento é comumente conhecido como logística reversa.
Reciclagem energética
A reciclagem energética é um método que foi desenhado para reaproveitar a energia advinda da incineração dos polímeros, uma vez que o vapor liberado na queima tem o potencial de movimentar hélices conectadas a turbinas.
O processo é possível devido à capacidade energética do material, que é derivado do petróleo, produzindo energia suficiente para substituir combustíveis fósseis quando aquecido.
Como a EESC jr. pode te ajudar?
Gostou do conteúdo sobre a reciclagem de materiais poliméricos? Precisa de ajuda para a reciclagem do seu polímero, para desenvolver um novo produto plástico ou para realizar algum processamento de materiais?
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Texto escrito por Carlos Eduardo Zanardo, consultor do Núcleo de Engenharia de Materiais da EESC jr. – Empresa Júnior de Engenharia e Arquitetura da USP de São Carlos.
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